Freguesia dos Rosais

Freguesia de encantos

História

       Rosais é uma das mais antigas freguesias de São Jorge, existindo já em 1568. Considerada o celeiro da ilha, pela grande fertilidade dos seus terrenos, caracteriza-se como uma paisagem aberta, constituída por uma zona de planalto limitada por altas arribas e uma cordilheira central. Apresenta amplas áreas agrícolas, intercaladas com pastagens e com manchas de mato relativamente dispersas.

       Localizada no extremo ocidental da Ilha de São Jorge, a cerca de 6 quilómetros da sede concelhia, confina com a vila das Velas, a leste e com o Oceano Atlântico.

       São Jorge resulta de três estruturas vulcânicas sendo o Complexo dos Rosais uma delas, estrutura planáltica, com alturas raramente superiores a 500 metros em terrenos pouco acidentados. A precipitação é abundante, especialmente de Outubro a Dezembro, embora seja esta a zona de inferior índice de pluviosidade em relação ao Topo.

       Ocupando uma área de aproximadamente 25 quilómetros quadrados (10% da área total da Ilha de São Jorge), estende-se então por uma zona fértil, a bonita freguesia dos Rosais ou Rosal, como lhe terão chamado os primeiros povoadores, encantados pela abundância de roseirais; flor dos enamorados que, por certo, exerceu o “seu efeito mágico” sobre estes colonizadores que, em torno de uma primeira Igreja construída em Velas, se acolheram, aproveitando um bem abrigado porto natural.

        Por volta da década de 70 do século XV, a vaga colonizadora rapidamente ocupou esta região, constituindo-se assim o primeiro núcleo habitacional de São Jorge. Aí foram lançadas ovelhas, conforme nos relata uma Carta Régia de 02 de Julho de 1439, da Chancelaria de D. Afonso V (Lº XIX, fl. 14). Através deste documento, o Soberano autorizava o Infante D. Henrique a povoar a Ilha e a iniciar uma atividade que, facilitada pelas boas condições naturais e pelo labor das gentes, logo prosperou.

       Segundo o recenseamento da população em 31 de Dezembro de 1890, esta freguesia contava com 485 habitações e 1605 habitantes, sendo destes 621 do sexo masculino, tendo esta atualmente 662 habitantes (censos 2021).

       Além das excelentes pastagens, a qualidade das novas terras arroteadas, cedo demonstrou a viabilidade surpreendente da produção de trigo. Obviamente, a privilegiada localização estratégico/militar da Ponta de Rosais não é pormenor despiciendo para compreensão no sucesso de Rosais, nestes primeiros tempos de colonização.

        As relações entre Rosais e Velas foram desde sempre bastante íntimas, servindo o porto da Vila como local de intensas trocas comerciais. Realmente, pelos anos de seiscentos, já os notáveis desta freguesia participavam ativamente em todas as decisões tomadas na Vila de Velas; desde o abastecimento do trigo, ao preço da carne e lacticínios, nada era feito sem a opinião dos Rosalenses – não fosse este lugar apelidado de “celeiro da Ilha”. Não obstante, estes clamavam maior autonomia administrativa para a sua freguesia face ao alastramento populacional que então se verificava. Assim, numa reunião de Vereação de Velas, de 1 de Janeiro de 1700, foi decidido criar em Rosais o lugar de Juiz, Escrivão, Alcaide e Oficial pedâneo, uma vez que “(…) sendo a freguezia  mais frequemtada de todo o povo desta villa como das demais freguezias por a ele hirem comprarem muitos legumes e mantimentos (…) também em romarias da dita Senhora do Rozairo” (A. C. M. V., Vereações, 1700, fls. 4-6v)

         Para a posterioridade ficam os nomes dos primeiros nomeados para os mencionados cargos: Juiz, Alferes Sabastiam de Avila Betancurt; Escrivão, Domingos Soares; Alcaide, António Gomes Pereira. Dotava-se, deste modo, Rosais de uma “rede” administrativa estimulante para a fixação de novos habitantes. Em 20 de Maio de 1864 foi criada por decreto a escola do ensino elementar para o sexo masculino, tendo sido a abertura em 1 de março de 1866 pelo professor António José d’ Avellar. A escola para o sexo feminino foi criada pela Câmara Municipal do Concelho após a lei de 1878, sobre instrução. Pelo regulamento de 23 de setembro de 1880, foi criada uma estação postal nesta Freguesia. Em termos eclesiásticos, a Igreja paroquial de Rosais aparece já perfeitamente documentada na centúria de quinhentos, tal como se infere do Auto da Eleição Trienal de 8 de janeiro de 1559.

       Rosais foi também berço de diversas personalidades que se salientaram culturalmente como são os casos recentes do “Silveirinha” e do “Perneta”. Mantém uma Banda Filarmónica, um Grupo de Folclore e um Grupo de Teatro.

       Rosais deve orgulhar-se de toda a sua história, feita à força do labor da gente anónima que a História tem a obrigação de preservar.